domingo, 25 de abril de 2010


Comboio Descendente



No comboio descendente
Vinha tudo à gargalhada.
Uns por verem rir os outros
E outros sem ser por nada
No comboio descendente
De Queluz à Cruz Quebrada...



No comboio descendente
Vinham todos à janela
Uns calados para os outros
E outros a dar-lhes trela
No comboio descendente
De Cruz Quebrada a Palmela...





No comboio descendente
Mas que grande reinação!
Uns dormindo, outros com sono,
E outros nem sim nem não
No comboio descendente
De Palmela a Portimão



Fernando Pessoa  (foto tirada da net)

2 comentários:

isabel disse...

Faz-me lembrar uma anedota...
No comboio de Lisboa-Porto ia um sujeito que desde o início da viagem não parava de dizer - Ai que sede que tenho! Ai que sede que tenho!
Uma senhora já cansada da ladainha, pegou numa garrafinha de água e ofereceu ao individuo para ver se ele se calava.
Qual não foi o seu espanto ao ver que o mesmo ao acabar de beber, com sofreguidão, todo o líquido, fechou a garrafa e passou a dizer - Ai que sede que tinha! (um suspiro) Ai que sede que tinha!
:D

baci

Carolina disse...

O Fernando Pessoa tem destas surpresas: Poeminhas cantarolantes...
Baci