quinta-feira, 30 de julho de 2009

Se não falas

Se não falas, vou encher o meu coração
Com o teu silêncio, e aguentá-lo.
Ficarei quieto, esperando, como a noite
Em sua vigília estrelada,

Com a cabeça pacientemente inclinada.
A manhã certamente virá,
A escuridão se dissipará, e a tua voz
Se derramará em torrentes douradas por todo o céu.

Então as tuas palavras voarão
Em canções de cada ninho dos meus pássaros,
E as tuas melodias brotarão
Em flores por todos os recantos da minha floresta.

Rabindranath Tagore (foto tirada da net)

segunda-feira, 20 de julho de 2009

A Sombra do Vento

" Nunca tinha ouvido mencionar aquele título ou o seu autor, mas não me importou. A decisão estava tomada. Por ambas as partes. Peguei no livro com extremo cuidado e folheei-o, deixando esvoaçar as suas páginas. Libertado da sua cela na estante, o livro exalou uma nuvem de pó dourado. Satisfeito com a minha escolha, voltei pelo mesmo caminho ao longo do labirinto levando o meu livro debaixo do braço com um sorriso impresso nos lábios. Talvez a atmosfera feiticeira daquele lugar tivesse levado a melhor sobre mim, mas tive a certeza de que aquele
livro tinha estado ali à minha espera durante anos, provavelmente desde antes de eu nascer."

Enxerto do livro "A Sombra do Vento "de Carlos Ruiz Zafón.
Excelente leitura sugerida pela nossa Amiga Carolina. Estou a gostar imenso!

terça-feira, 14 de julho de 2009

Sonho

Era um menino a sonhar
com um cavalo de cartão.
O menino abriu os olhos
e não vui o cavalinho.
Com um cavalinho branco
ele voltou a sonhar;
pelas crinas o prendia...
Assim não te escaparás!
Mal o conseguiu prender,
logo o menino acordou.
Tinha a sua mão fechada.
O cavalinho voou!
O menino ficou sério,
pensando não ser verdade
um cavalinho sonhado.
Já não voltou a sonhar.
E o menino fez-se moço
e o moço teve um amor,
e dizia à sua amada:
Tu és de verdade ou não?
Quando o moço se fez velho
pensava: Tudo é sonhar,
o cavalinho sonhado
e o cavalo de verdade.
E quando chegou a morte,
o velho ao seu coração
perguntava: Tu és sonho?
Quem saberá se acordou!

António Machado(poeta Sevilhano)
Foto tirada da net

domingo, 5 de julho de 2009

Sentada em cima do muro...

Sentada em cima do muro vejo os dias a transcorrem.

Parecem ser sempre iguais mas não são.
Cada dia há um gesto novo, novas palavras.
Tens gestos afectuosos, sorrisos alegres.
Dás-me a maravilha do teu espanto.
Olhando pelos teus olhos vejo um mundo colorido
Um mundo melhor.

(Lena)

foto tirada por mim